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HADES – CLIPP em Notícias #2

Editorial #2
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EDITORIAL #2 | 25 de setembro de 2020 – www.clipp.org.br

Maria Bernadette Soares de Sant’Ana Pitteri
Hades#2 é o terceiro da série que começou com o #0, que nasceu em tempos de pandemia, tempo em que esse novo vírus é “real com uma lei na qual a ciência atua para extrair saber”, como diz Rosa López na tradução de Wilson Braga Jr. Tempo de Corona vírus que, provocando medo e angústia, faz Marie-Hélène Brousse afirmar que, o confinamento “reduz o laço social ao essencial e à necessidade vital, colocando em evidência as latusas” que escondem a causa do desejo. Mas é também tempo em que Durval Mazzei explora o conceito de toxicomania, enquanto modalidade de laço social e recurso para lidar com a falta e Ariel Bogochvol, na abordagem dos motivos e efeitos dos crimes paranoicos, coloca os traços distintivos do estilo paranoico na clínica e na política. Voltando às origens, Cristina Merlin faz um esclarecimento fundamental sobre o estruturalismo de Lacan, estruturalista radical que se ocupou do sujeito, algo impensável pelos estruturalistas. No olho do furacão, nesse real sem lei, aguardamos o fazer do real da ciência, sem esperar, mas atuando inseridos em nosso tempo.

Boa Leitura!

MARIE-HÉLÈNE BROUSSE:

Escolha forçada?

“Fique em casa” ressoou como uma interpretação em ato. O confinamento pretendia reduzir o laço social ao essencial e à necessidade vital. Ele colocou mais em evidência como os objetos de consumo, para os quais Lacan inventou um nome, as latusas, se apossaram de nossos desejos (en-vies)[1]. Estes objetos, descartáveis, alimentam o desperdício que nos invade. Pela prevalência do capitalismo, a abundância desses objetos, na melhor das hipóteses, esconde os objetos a causa do desejo que circulam entre eles, despercebidos. A diminuição da loucura consumista fez do confinamento um período através do qual cada um, na falta das latusas, pôde vislumbrar como eles nos orientam.

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ENSINO

imagem: Instagram @sugaronyoursouls

O inconsciente é estruturado como a linguagem

Cristina Merlin Felizola

Talvez seja esta uma das principais teses de Lacan, pois ao se aproximar do movimento estruturalista, embora por um breve período, conseguiu fazer da psicanálise um saber reconhecido dentre as ciências humanas.

Durante os anos 50 – 60 o movimento já considerado como Estruturalismo foi um movimento de contestação e contracultura. Este trazia uma nova visão para abordar as culturas “primitivas” e o homem de uma maneira geral. Ao propor este novo modelo, os estruturalistas se depararam com a questão de que o conhecimento só pode se impor se for inspirado no modelo da ciência ou se conseguir se transformar em uma teoria. Foi a Linguística Estrutural que serviu de modelo de cientificidade, já que há muito se constituíra num instrumento de análise linguística, através de Saussure e dos formalistas russos.

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RESSONÂNCIAS

Toxicomania

Durval Mazzei

Um modo simples e preciso de conceituar “toxicomania”, “adicção a drogas”, “dependência química” é correlacionar tais nomes a um ser que transforma a presença dos efeitos de qualquer substância psicoativa à condição de necessária para sua atividade. Seja o que for – do laço amoroso aos profissionais; do folguedo à seriedade – a companhia do efeito da droga é insubstituível. Esse modo de manejar o laço com o outro pode tomar múltipla aparência: do ser que exerce os papéis socioculturais lhe cabem e o encontro com a droga é importante como prazer e/ou gozo até o ser no qual seus papéis desaparecem e o momento do encontro com a droga é o único que conta.

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PESQUISA

Motivos e efeitos dos crimes paranoicos

Ariel Bogochvol

Da ultima vez [1], nos concentramos nos crimes paranoicos, supostamente cometidos por um governo paranoico. Com a ressalva de que tanto paranoicos como não-paranoicos cometem crimes e de que os crimes que imputamos a um governo paranóico podem ser cometidos por governos de outros estilos. O estilo paranoico tem, contudo, seus traços distintivos.

Infeliz coincidência que, no meio de uma pandemia mortífera, estejamos sob sua regência e experimentemos seus efeitos.

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ATUALIDADES PSICANALÍTICAS

Estou aguardando, mas não esperando*

Rosa López

Devemos reconhecer que Lacan chegou ao ponto no qual a abertura ao contingente não suscitou nenhuma esperança. O real, esse conceito ao qual ele dedicou seus últimos anos sem recuar das consequências, foi sua resposta à subversão introduzida por Freud: “O que eu chamo de real… eu inventei, porque se impunha a mim… o real é minha resposta sintomática … O verdadeiro real implica a ausência de lei”1

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Boletim Eletrônico da CLIPP – Clinica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanálise Edição #2 – Setembro de 2020
Editora: Paula Christina Verlangieri Caio de Carvalho.
Coordenação: Maria Bernadette Soares De Sant’Ana Pitteri.
Revisora: Daniela de Camargo Barros Affonso
Comissão Científica: Marcia Barbeito, Rodrigo Camargo, Luciana Carvalho Rabelo,
Maria Cristina Merlin Felizola e Paula C. V. Caio de Carvalho.
Diretor Geral: Maria Bernadette Soares de Sant’Ana Pitteri;
Diretor de Ensino e Pesquisa: Leny Magalhães Mrech;
Diretor Secretário e Tesoureiro: Rosângela Castro Turim;
Diretor de Publicações: Maria Helena Barbosa.
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