2021 – 1º semestre

NÚCLEO DE PESQUISA EM PSICANÁLISE E TOXICOMANIA

A toxicomania está presente no discurso analítico desde as cartas de Freud a Fliess: a protomania, a repetição masturbatória original. A sacação freudiana traz, em seu bojo, qual o lugar que a toxicomania ocupa na economia libidinal de um sujeito: satisfação tendo como agente e outro o corpo próprio. Ora, se o agente e o outro, linha superior dos laços sociais, é o si mesmo dispensado está o Outro, o código, a linguagem e um novo laço social está criado. Mais próximo, então, o sujeito está do gozo, da repetição sem criatividade, que do desejo e do para além da demanda. Um novo laço social está, deste modo, constituído. A característica deste novo laço é a hipostasia do Um, restando apenas a pragmática da busca pela droga como o que põe em cena a pálida figura do outro.

Um sujeito com essa marca pode, de um jeito – pressão dos circunstantes, ou de outro – creio que isto não vai bem, pode procurar a psicanálise. O que fazer?

Responde-se a esta pergunta descrevendo, dentro dos parâmetros do discurso analítico, o que acontece com o sujeito, aquele que surge entre dois significantes, no toxicômano (adicto, dependente químico) e demarcando o limite e a vantagem de colocar esse exilado do Outro no contexto da linguagem, do enigma e do desejo do analista.

  • Coordenação: Durval Mazzei Nogueira Filho e Angelino Bozzini
  • Atividade online via plataforma ZOOM, aula mensal aos sábados, das 9h00 às 10h30
  • Inscrição: psicanalise.clipp@gmail.com
  • Seleção mediante entrevista com a coordenação

Datas:

  • 22/05 – A história das drogas
  • 19/06 – A história das drogas
  • 21/08 – A leitura neurobiológica da dependência
  • 25/09 – A leitura psicanalítica clássica: Freud, Abraham, Rosenfeld, Rado, Olievenstein
  • 23/10 – A leitura psicanalítica contemporânea, desde o ensino de Lacan: Miller, Santiago, Naparstek, Sinatra, Mazzei e outros
  • 20/11 – A leitura psicanalítica contemporânea, desde o ensino de Lacan: Miller, Santiago, Naparstek, Sinatra, Mazzei e outros
Bibliografia:
Nogueira Filho, DM. Toxicomanias. Escuta, São Paulo 1996
Nogueira Filho, DM. Abuso e dependência da maconha Tratado de Cannabis Medicinal (no prelo)
Instituto del Campo Freudiano. Sujeto, Goce y Modernidad. Fundamentos de la Clínica. Atuel – TyA (S/D)
Escola Brasileira de Psicanálise. O brilho da infelicidade. Kalimeros, Riode Janeiro,1998.
Naparstek, F. Introducción a la clínica con toxicomanías y alcoholismo. Grama Ediciones, Buenos Aires, 2005.
Escohotado, A. Historia de las drogas (volumes 1 e 2). Alianza Editorial, Madrid, 2002
Sissa, G. O prazer e o mal. Filosofia da droga. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1996.
Os encontros ocorrerão das 9 às 10:30.
Nery Filho, A; MacRae, E; Tavares, LA; Rêgo, M; Nuñez, MA. As drogas na contemporaneidade: perspectivas clínicas e culturais.. EDUFBA:CETAD, Salvador, 2012.

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS DE PSICOPATOLOGIA E PSICANÁLISE – NEPPSI

ESTUDOS SOBRE O CRIME

Se o crime e a lei remontam às origens e à estrutura da civilização, a criminalidade – sua incidência, formas preferenciais, significados – varia amplamente ao longo da história assim como os modos de tratá-la e puni-la.

Na atualidade, o Brasil ocupa posição de destaque em diversos rankings da criminalidade: líder mundial em homicídios, em crimes contra a população LBGT, em letalidade policial, na morte de policiais, quinto em feminicídios, terceiro em roubos na América Latina, terceira maior população carcerária do mundo.

O debate sobre a criminalidade e seu tratamento foi o tema principal das eleições presidenciais de 2018 e contrapôs concepções bem diferentes. Questão complexa, que envolve aspectos sociais, antropológicos, psicológicos, psiquiátricos, jurídicos, a criminalidade é objeto de estudo de diversas disciplinas.

O ‘pacote anti-crime’, proposto pelo ex-ministro da justiça S. Moro e aprovado pelo congresso em 2020 e os decretos assinados por Bolsonaro, no começo de 2021, que flexibilizam ainda mais a compra e uso de armas de fogo desconsideram inteiramente a complexidade da questão criminal. Implantam medidas simplistas, parciais, distantes das ‘causas’ da criminalidade.

Em função da pandemia da Covid 19, o tema passou para segundo plano do debate nacional, mas não perdeu sua relevância, pelo contrário.

O curso é baseado na discussão desde uma perspectiva psicanalítica de crimes que ocorrem cotidianamente no Brasil e são manchetes na mídia.

Coordenação: Ariel Bogochvol

Atividade online via plataforma ZOOM, aulas quinzenais aos sábados, das 10h00 às 12h00

Inscrição: psicanalise.clipp@gmail.com

Seleção mediante entrevista com o coordenador

Datas:

  • 03/04 e 17/04 – criminologia na vida cotidiana
  • 15/05 e 29/05 – criminologia na vida cotidiana
  • 12/06 e 26/06 – criminologia na vida cotidiana

NÚCLEO DE PESQUISA DE PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

O INCONSCIENTE TRANSFERENCIAL E INCONSCIENTE REAL NA EDUCAÇÃO E NAS ESCOLAS

Com Freud vivenciamos a descoberta do inconsciente e de como a transferência embasa os laços sociais. Com Lacan o conceito de real veio introduzir uma nova forma de se pensar a Psicanálise introduzindo o inconsciente real. Com Miller temos mais claramente delineada as diferenças entre inconsciente transferencial e inconsciente real. Neste semestre discutiremos de que maneira os conceitos de inconsciente transferencial e inconsciente real têm aparecido na Educação e nas escolas.

Questões a serem trabalhadas ao longo do semestre: O que é o inconsciente transferencial em Freud? O que é inconsciente real em Lacan e Miller? De que maneira esses dois inconscientes têm aparecido na Educação e nas escolas.

Coordenação: Leny Magalhães Mrech

Atividade online via plataforma ZOOM, aulas quinzenais às segundas-feiras, das 16h30 às 18h00

Inscrição: psicanalise.clipp@gmail.com

Seleção mediante entrevista com a coordenadora

Datas:

  • 15/03– Freud e a descoberta do inconsciente na Educação
  • 29/03 – O inconsciente transferencial em Freud na Educação e nas escolas
  • 12/04 – O real em Lacan
  • 26/04 – O inconsciente real em Lacan na Educação e nas escolas
  • 10/05 – O inconsciente real e o sinthoma na Educação e nas escolas
  • 24/05 – O inconsciente real e a questão do gozo
  • 14/06 – O real, o sentido e o buraco
  • 28/06 – Inconsciente transferencial e inconsciente real: novas leituras na Educação
Bibliografia
LACAN, Jacques. O Seminário livro 23 – O Sinthoma. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2007.
MILLER, Jacques-Alain. Perspectivas sobre o Seminário 23. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2009.
MILLER, Jacques-Alain – El lugar y el lazo. Buenos Aires, Paidós, 2013.

NÚCLEO DE PESQUISA E LEITURA SOBRE APRESENTAÇÃO DE PACIENTES E PSICOSE

O amor nas psicoses

O amor nas psicoses O Núcleo de Apresentação de Pacientes e Psicose, no ano passado, estudou a transferência na psicose. Fizemos um percurso de Freud a Lacan, partindo do tratamento da histeria até a psicose. Freud não acreditava que a psicanálise pudesse tratar a psicose, ao passo que Lacan não recuou diante das dificuldades do tratamento do psicótico, que responde ao tratamento diferentemente do neurótico. E se na neurose podemos falar em amor de transferência, na psicose estamos diante da erotomania.

Nesse semestre estudaremos “O amor nas psicoses” e o livro El amor en las psicosis (MILLER [Org.], 2008) nos servirá de guia. Ali diversos psicanalistas do Campo Freudiano discutem casos sobre o amor transferencial e a erotomania na psicose. “El amor en las psicosis nos enseña sobre el amor en general… Ó será por último que, el sujeto psicótico no ama, sino su delirio, según lo expresado por Freud?…las psicosis pueden entonces enseñarnos mucho sobre esa locura común que es el amor y sobre la transferência. (Palavras Preliminares in El amor en las psicosis)

E ainda, o X ENAPOL nos convoca a compartilhar nossa prática “com os amores loucos, devastadores, erotomaníacos, amores que desencadeiam e outros que enodam, que fazem suplência”. (Alejandro Reinoso, Boletim ahh?! #2 do X ENAPOL).

  • Coordenação: Marizilda Paulino e Perpétua Medrado Gonçalves
  • Horário: 16:00 às sextas-feiras quinzenalmente

Programa – 1º semestre 2021

05/03 – Abertura. MILLER, J-A. Palavras preliminares. In: El amor en las psicosis, Buenos Aires: Paidós, 2008, p.9 -12.

  • Apresentação: Marizilda e Perpétua

19/03 – MILLER, J-A. Problemas de pareja, cinco modelos. In:La pareja y el amor: Conversaciónes Clínicas con Jacques-Alain Miller en Barcelona. Buenos Aires: Paidós, 2005, p.15-20.

  • Apresentação: Marizilda e Perpétua

Dia 09/04 – – O amor louco de una mãe, por Éric Laurent. Comentário de Sandra Grostein. In: Opção Lacaniana nº36, 2003, p.20-25.

  • Apresentação: Sandra Grostein
  • Coordenação: Perpétua Medrado

Dia 23/04 – – Amor. Silvia Salman. In: Scilicet: As psicoses ordinárias e as outras – sob transferencia. São Paulo: EBP, 2018, p. 51-53.

  • Apresentação: João Paulo Desconci

Dia 07/05(1955-1056) LACAN, J. Capitulo XX O apelo, a alusão. In: Seminário 3 As psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988, p.281-291.

  • Apresentação: Maria Cristina Felizola
  • Coordenação: Maria Bernadette Pitteri

Dia 21/05 – “Caso Corinne: Lacan e a apresentação de um paciente transgênero”. In: Lacan, J. (1976/1996): “Sur l’ identité sexuelle: à propos du transsexualisme” Ecole de la Cause Freudienne (Ed.), Le discours Psychanalytique (pp. 312-350)

  • Apresentação: Eliane Costa Dias
  • Coordenação: Eliane Kogut

Dia 11/06. As surpresas do amor. por Thierry Vigneron. Comentário de: Bernardino Horne. In: Opção Lacaniana nº36, 2003, p.39-46.

  • Apresentação: Rosangela C. Castro
  • Coordenação: Marizilda Paulino

Dia 25/06 – Usos Del amor psicótico y su tratamiento en la cura: el caso Amador, por Enric Berenguer, Gradiva Reiter. In: La pareja y el amor, 2003, p. 318-351.

  • Apresentação: Ana Martha Wilson Maia
  • Coordenação: Maria Noemi Araujo

NÚCLEO DE PESQUISAS EM PSICANÁLISE E ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O que fazemos com a diferença sexual?

‘A anatomia é o destino”, foi assim que Freud colocou a questão da identidade sexual. Para ele o complexo de Édipo e o falo poderiam solucionar o que a natureza definiu. Mas, estes não foram suficientes e a cada época é preciso inventar novas soluções para a questão.

Em que momento se dá a “escolha forçada” com relação à sexualidade?

Lacan também contribuiu muito com o tema quando afirmou: “o ser sexuado se autoriza por si mesmo e de alguns outros.”

Como se daria esta autorização?

Hoje a teoria e os estudos de gêneros colocam a diferença sexual como uma questão política, já que as diversas identidades sexuais e de gêneros buscam uma nova civilidade sexual.

Esta é a nossa proposta de trabalho para o Núcleo neste semestre, pois o tema é imprescindível para clínica na atualidade. Esperamos vocês!

Coordenação: Célia M. B. Siqueira, Luciana Carvalho Rabelo, Maria Cristina Merlin Felizola

Atividade online via plataforma ZOMM, quinzenal às sextas-feiras, das 11h00 às 12h30

Inscrições: psicanalise.clipp@gmail.com

Seleção através de entrevista com a coordenação

Datas:

  • 05/03 e 26/03 – Freud e a sexualidade infantil
  • 09/04 e 30/04 – A sexualidade infantil na 1ª Clínica de Lacan
  • 14/05 e 28/05 – A sexualidade na 2ª Clínica de Lacan
  • 11/06 e 25/06 – Semblantes

NÚCLEO DE PSICANÁLISE E FILOSOFIA

“LACAN NA FILOSOFIA E NA PSICANÁLISE – RELAÇÃO COMPLEXA ENTRE AMOR E GOZO”

“O Seminário XX é, certamente, um dos mais ricos e densos de Jacques Lacan, o que nos causa a trabalhar no detalhe, optando por um fio temático, sem jamais desconsiderar os temas emergentes como, gozo, amor, relação sexual, gozo fálico, Outro, fórmulas da sexuação, inconsciente estruturado como linguagem, ser falante …

Levando em conta os muitos caminhos a que este seminário conduz, o diálogo heurístico com Aristóteles, sua lógica e sua ética, que o percorre, é um percurso fecundo.

Como pensar o que há de comum entre Lacan e Aristóteles? O que atrai Lacan em Aristóteles? Talvez a constante pesquisa, sempre em andamento, sem recuar diante dos tropeços e impasses a que ela conduz.

Coordenação: Maria Bernadette Pitteri e Paula Caio de Carvalho

Atividade online via plataforma ZOOM, quinzenal às segundas-feiras, das 18h30 às 20h00

Inscrições: psicanalise.clipp@gmail.com

Seleção através de entrevista com a coordenação

Datas:

  • 08/03 – As fórmulas da sexuação permitem a leitura da proliferação de gêneros na atualidade?
  • 22/03 – O Saber e A Verdade no Discurso Analítico
  • 05/04 – O Barroco e a regulação da alma através da escopia corporal
  • 19/04 – Questão de Alma em Aristóteles, para Lacan
  • 03/05 – Sujeito X Metalinguagem
  • 17/05 – “Peço que recuses o que te ofereço, porque não é isso”
  • 31/05 – Rodinhas de Barbante – Nó Borromeano
  • 07/06 – Saber e enigma
  • 21/06 – A Hipótese do Sujeito suportado pelo Ser Falante
Bibliografia
Lacan, J., O Seminário livro 20: Mais Ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985
LACAN, Jacques. O Seminário livro 23 – O Sinthoma. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2007.
Miller, Jacques-Alain. Perspectivas sobre o Seminário 23. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2009.
Aristóteles, Organon. Edipro, 2ª ed., 2010
Aristoteles, De L’Ame (De Anima). Tradução: J. Tricot, Paria, Ed. J. Vrin, 1959.
Aristóteles, Ética a Nicômaco. São Paulo: Os pensadores – Nova Cultural, 1987

NÚCLEO DE PESQUISA: PSICANÁLISE E MEDICINA

Por uma clínica do falasser: sinthoma e Um-corpo

“Se em nossa conjuntura queremos encarar o último ensino de Lacan, devemos estar preparados para uma transmutação de todos os valores psicanalíticos que o próprio Lacan nos transmitiu e que temos mastigado. Esse ensino é um exercício limite nos confins da psicanálise, um exercício que, de certo modo, é o reverso, o avesso do ensino de Lacan”. (Miller, El lugar y el lazo)

Desde o primeiro semestre de 2006 o Núcleo de Pesquisa: Psicanálise e Medicina vem trabalhando em torno do tema “O corpo em Psicanálise”, visando precisar conceitos teóricos que nos permitem abordar as manifestações no corpo identificáveis na prática clínica.

A partir de 2017, esse caminho de pesquisa nos levou a interrogar o estatuto do corpo e do sintoma a partir do último ensino de Lacan.

Para este ano, propomos aprofundar a investigação em torno dos conceitos de corpo, gozo, inconsciente e sinthoma, à luz da leitura de Miller sobre o ultimíssimo Lacan em seu Curso da Orientação Lacaniana de 2006-2007[1].

Coordenação: Eliane Costa Dias e Niraldo de Oliveira Santos

Atividade online via plataforma ZOMM, mensal, às terças-feiras, das 20h30 às 22h00

Inscrições: psicanalise.clipp@gmail.com

Seleção através de entrevista com a coordenação

Datas:

  • 09/03 – O traumatismo freudiano e a dizência lacaniana
  • 06/04 – Verdade, real e impossível
  • 04/05 – Historicização
  • 08/06 – Invenção do real
Bibliografia:
¹ Miller, J-A “Perspectivas do Seminário 23 de Lacan O Sinthoma”. RJ: Jorge Zahar Ed., 2009