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A mulher não existe e o amor no balé contemporâneo

Katia Ribeiro Nadeau (CLIPP)

INSTAGRAM @avant.arte

Recentemente tive o privilégio de assistir ao balé de Jazz de Montréal (BJM) em sua passagem por São Paulo. A fluidez dos corpos escandalosamente apresentados numa mistura entre o belo e o sensual nos arremete ao Real do corpo, como que em um rasgo, um acesso direto ao real do inconsciente. Com música de Leonard Cohen, compositor, escritor e poeta canadense, de tom sombrio, portador de uma voz rouca e grave, DANCE ME faz do palco um cenário onde os corpos emocionam, arrancam surpresa e lágrimas, despertam, encantam! O talento e a habilidade dessa companhia de dança, que vem arrebatando plateias lotadas pelo mundo, longe da linguagem e mais perto do saber fazer com o corpo marcado pelo gozo pulsional, provam como a arte corta e condensa o tempo, elevando seus efeitos ao que veio: tratar o Real! Enquanto o aforismo Lacaniano “A mulher não existe” anuncia a inexistência da relação sexual, onde o que os semblantes não recobrem é o Real, os rastros do vazio de cada UM, o amor faz semblante da relação que não há no nível pulsional. A disjunção da fala e do corpo são dançados e, pelo que toca e ressoa em quem está presencialmente neste encontro corpo a corpo, dá testemunho do que do Real existe e se transmite. Deixo um fragmento em vídeo para dar um gostinho, já os advertindo de que os movimentos, o suor, os rostos, os músculos, os divinos detalhes, só mesmo ao VIVO!

https://youtu.be/6nNWZowjZ4M