A cada um sua resposta ao enigma do Desejo da Mãe
A CLIPP abriu suas atividades de 2015 com a conferência de Cristina Drummond, “PARA ALÉM DE ALICE E OS PAIS DA MARAVILHA – a queda da posição de falo imaginário e suas consequências”: uma precisa articulação clínica, com vários casos, tendo como pivô um dos momentos cruciais da vida de um parlêtre em que o real emerge, desorganiza e exige um novo arranjo. O nascimento de outra criança, fruto da relação da mãe com um pai, deixa cair o engano da completude do falo, tanto para a mãe quanto para a criança, exigindo novas respostas. Hans fez uma fobia; a jovem homossexual busca sua dama, mas passa ao ato; o objeto fetiche é outra solução para tentar recobrir a castração, implicada na necessária separação entre mãe e mulher.
Tanto Hans quanto a jovem homossexual são casos trabalhados por Lacan no Seminário 4: a relação de objeto, onde postula que o objeto falta, não há o objeto genital, não há o complementar, ou seja, o suposto objeto é perdido e o parlêtre tem que se haver com a não existência da relação sexual. Cristina marcou a passagem da clínica edípica, e do sujeito pré-edípico, trabalhado por Lacan neste Seminário como uma tentativa de solução mediante o deslocamento de lugares visando à garantia da posição de falo imaginário na relação com a mãe, para a clínica borromeana – uma clínica que trata de “amarrações e desamarrações e dos impasses nesses arranjos”. A separação entre a mãe e a mulher implica se defrontar com o real e fazer uma nova amarração, pelo buraco do simbólico ou pela consistência imaginária, enlaçando os três registros.
Todos os parlêtres um dia terão que se haver com o fato de que sua mãe também é mulher!