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Homem dos Lobos, imortal (*)

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Marcela Antelo (AME – EBP/AME)

 

“Freud teve um caso de psicose ordinária, O homem dos lobos.

Era psicótico e era psicose ordinária porque apresentava muitos traços de neurótico.”

Jacques-Alain Miller

 

É um prazer estar aqui! Agradeço o convite da Clipp e a todos vocês aqui presentes. Maria Bernadette me provocou a falar a partir de três significantes: infamiliar, inclassificável, indizível. Todos eles contêm a partícula ‘in’, um diferencial negativo. Esse diferencial negativo consegue “[…] fisgar algo do gozo opaco inominável ao designar a impossibilidade de o designar”1. Trata-se da marca do não-todo na língua. O não-todo pode ser simbolizado, vir à luz da palavra: não-todo familiar no familiar, não-todo classificável na epidemia de classificações. O título que dei à minha fala também inclui o diferencial negativo em relação à morte, imortal: não-todo é mortal, figura central no caso de hoje. Vou tentar tecer meu comentário com essas três fibras, com esses três fios, ao redor do Homem dos Lobos, objeto desta mesa.

O infamiliar

O infamiliar, como já devem saber, é a nova tradução do fenômeno do Unheimlich no texto de Freud de 1919, publicado recentemente pela mineira Autêntica Editora. Como também já devem saber, é esse texto de Freud que anima o próximo Encontro Brasileiro do Campo Freudiano. A Autêntica Editora tomou a decisão de publicar, junto ao texto de Freud, a grande fonte de inspiração do ensaio, “O homem da areia”, de ETA Hoffmann. Como Freud sabia, o poeta leva sempre a dianteira. Hoffmann sabia que palavras e impressões escutadas e vividas na infância perduram, assim como os afetos a elas associados, como se não conhecessem o passo do tempo, até que a morte nos separe. O inconsciente freudiano não conhece o tempo, há um infantil inextinguível2. A atemporalidade do inconsciente, o desejo indestrutível, infamiliarizam o sujeito de modo perene. Já Lacan, prolongando essa descoberta, dirá no seu seminário 2 que o recalcado provém do futuro3, testemunhando assim da vida longa do infantil que aparece na última frase do texto de Freud citado. O fator infantil é imortal, como o Homem dos Lobos.

Eis o nó mais radical que penso podermos tecer entre o infamiliar e o texto “História de uma neurose infantil”, que se centra no porvir da infância do Homem dos Lobos. Freud o conhece já adulto, com 23 anos, em 1910, e o atende durante quatro anos. Em 1914, escreve o caso que só será publicado em 1918.

Um terror noturno infantil, inextinguível, retorna também no futuro de Nathanael, protagonista de “O homem da areia”, causando perturbações e presságios funestos. O livro se constrói por meio de três cartas e um relato final em terceira pessoa. Na carta, para fundamentar seus temores, o jovem estudante de física relata uma história da infância para seu futuro cunhado. História de uma psicose infantil nutrindo o infamiliar freudiano.

Serguéi Konstantínovitch Pankéyev, o Homem dos Lobos, foi um aristocrata russo nascido em Odessa. Paciente profissional, assim o chama Richard Appignanesi4, autor de um romance gráfico sobre o Homem dos Lobos. Seu prestígio na história da psicanálise nasceu de um pesadelo de onde foi extraído o que chamamos seu nome de gozo. Um sonho infantil no fundamento da cristalização de um sintoma, um conto noturno que, de tão inextinguível, se incrustou nele virando um nome próprio.

Como os textos do próprio Freud, de Lacan e dos autores clássicos em geral, poetas e escritores, o Homem dos Lobos resiste à decifração, imortalizando sua leitura. Não por acaso a primeira das aulas que Miller dedica ao Homem dos Lobos chama-se “Reinterpretações”. A história de uma neurose infantil é um texto inextinguível para nós freudianos. Freud achava os detalhes tão inacreditáveis e extraordinários que hesitava em que outros acreditassem nele. Analistas, historiadores, terapeutas de todas as orientações não cessam de percorrer esse histórico que se torna mais e mais complexo com o passar dos anos, somando-se a biografias, escritos e informações sobre a vida do ‘famoso paciente’ de Freud, como ele próprio gostava de se apresentar.

O sonho aconteceu na véspera de Serguéi fazer 4 anos. Para Freud, esse pesadelo é um turning point, um ponto de virada, um acontecimento na vida dessa criança e, prolongando as reinterpretações, o objeto de “inúmeras variantes e reedições”5 ao longo da análise.

De repente, a janela se abriu, sozinha, e ele ficou aterrado. Lobos brancos sentados em uma nogueira olhavam fixo para ele e, ainda mais, estavam fixos, imóveis. Estase da imagem, estase do ser, fórmula geral da loucura6, como comenta Lacan. Ele grita. Funda-se sua infância que parece não ter fim, já que as formas de petição ao Outro, um Outro provedor, não cessam em toda sua existência.

Freud considerava o sonho a via régia, a via real para o inconsciente. O pesadelo como uma janela para o real é um dos ensinamentos do caso do Homem dos Lobos. O pesadelo, nightmare, a égua da noite, como traduz Borges, chama os lobos, não sem consequências.

O que naquela noite foi ativado, a partir do caos de pistas mnemônicas (Eindrucksspuren) inconscientes, foi a imagem de um coito entre os pais, em circunstâncias não muito comuns e bastante propícias à observação.7

É no interior do sonho que o nomeia que se efetua para o Homem dos Lobos a assunção da realidade da castração, experiência que, de modo ímpar, transmite uma estrutura sintomática relacionada ao erotismo anal e a práticas religiosas.

A vida do menino dos lobos, no tempo que antecedeu ao sonho, gira ao redor de cenas traumáticas com consequências gritantes, na sua infância, e silenciosamente insidiosas na vida adulta. Acontecimentos sempre reinterpretados: ter sido espectador do coito dos pais com um ano e meio de idade e sofrendo de malária (a Urszene, cena primordial) e a realização do buraco, ter visto a ferida da mãe e ficar imobilizado como se defronte à Medusa terrífica. Lembremos que no texto “O infamiliar” essa Ur experiência ocupa a última página. O horror feminae do Homem dos Lobos interpretado pelo avesso, tanto horror e tanta dependência.

Sedução pela irmã passivamente sofrida. Ela tocou seus genitais, e depois ele tocou-se nos genitais diante da babá. Houve duas ameaças de castração proferidas por Grusha, sua babá (aos 2 anos e meio e aos 3 anos e 3 meses – ela adverte que crianças que fazem isso ficam com uma ferida), a alucinação do dedo cortado.

O sonho acontece quando, aos 4 anos, algo deste visto e ouvido pôde ser simbolizado. Passivo e fixado. A partir dessas experiências, ele tornou-se irritável e propenso a chiliques, ficou ansioso e fóbico, depois inclinou-se a práticas obsessivas religiosas, sequelado com uma neurose obsessiva curada imperfeitamente, segundo Freud. O distúrbio neurótico severo na primeira infância começa como uma histeria de angústia antes dos 4 anos sob a forma de fobia de animais, depois o conteúdo religioso toma forma de obsessão e ramifica até os 10 anos. Salada literalmente russa do diagnóstico. Freud escuta uma nota suicida na primeira entrevista. Sergei conta que três anos de tratamento psiquiátrico não surtiram efeito, e saberemos depois que o Dr. Kraepelin o diagnosticou como maníaco depressivo para mais tarde confessar seu erro. Acrescentemos que é nessa internação que se enamora perdidamente de Tereza.

Serguéi se instala em uma doce apatia e se entrincheira no seu gozo. O Homem dos Lobos apresenta-se a Freud como inclassificável. Freud, dócil à classificação impossível, lhe oferece não só uma escuta, como também a ticket to ride. “Analisar-se é como comprar uma passagem de trem, eu sou o condutor e você é a cura. Um condutor simpático que escuta histórias noturnas. Sempre é noite no inconsciente, Sergei.”8 Lembremos que o conto de Hoffmann “O homem da areia” foi publicado no seu livro Contos noturnos.

Se o inconsciente na sua vertente simbólica, discurso do Outro, tece a relação com o mais familiar, o ser falado pela família, o mais íntimo, o Heimlich, o fracasso do inconsciente que revela o pesadelo conduz a experimentar um afeto Unheimlich, infamiliar, sinistro, inquietante, tão ambíguo, conclui Freud, que por vezes pode confluir com seu contrário, antitético, com o que no coração do íntimo nos é mais estranho, êxtimo dizemos hoje.

Freud descobre que o que é inextinguível desse infantil na vida de um sujeito é o sexual como buraco. Lacan vai nomear anos depois como traumatismo do nascimento à língua, à integral dos seus equívocos, o fato de nascermos de dois que não se entendem, mas que se associam para a reprodução, os pais nossos de cada dia. Um pai deprimido e alcoólatra, uma mãe que sofria de dores corporais crônicas, uma irmã masculina e cruel, dois anos mais velha, e uma babá, duas, três babás, sempre uma babá. Miss Oven, inglesa, alcoólatra e cruel.

Quase 20 anos após o sonho, Serguéi consultou Freud em completo colapso. Não conseguia viajar sozinho, nem sequer se vestir, e sentia que estava separado do mundo por um véu, cortado do mundo. Serguéi se pensava um homem de sorte por ter nascido empelicado. Freud propõe a hipótese de que a gonorreia que o afetava no momento do pedido de análise fura o escudo de proteção narcisista, o véu, e anuncia seu desmoronamento. Poucos anos antes, tinha vivido uma crise severa e depois padecido os suicídios do pai e da irmã. Pouco sobrava dele a essa altura. Uma espécie de astronauta em uma bolha, e as pessoas ao redor como bonecos de cera e marionetes.

Ainda que um véu o separasse do mundo, Serguéi foi profundamente afetado pelo discurso do Outro. As contingências da vida se transformaram em necessidades, o acaso em destino.

Um nó se tece entre a neurose infantil que se constrói em uma história, como o próprio título de Freud transmite, e a infância vivida como um real que resiste.

O inclassificável

Quando Freud afirma que cada caso é um novo caso, ele consagra o inclassificável como modalidade própria de cada um. Cada um é inclassificável, impossível de designar.

A clínica que praticamos hoje, após 120 anos de psicanálise, faz do inclassificável o traço fundamental de uma leitura de caso. Clínica do falasser, do parlêtre, mais além de uma clínica de caso padrão, de tipo clínico, de semiologia clínica, da clínica como um herbário, da mola da epidemia de classificação de psicopatologias de que padecemos hoje em dia. “Essa clínica a deixamos de bom grado para o DSM.”9 O enunciado é contundente. Lembremos que Jacques-Alain Miller dedicou 12 aulas em 198710 ao inclassificável Homem dos Lobos, antes de construir a categoria epistêmica de psicose ordinária. Psicoses não desencadeadas, estabilizadas por meio de suplências eficazes, psicoses com sinthomes, psicoses com análises de longa duração, psicoses que resistiam a uma classificação clara e distinta. Casos raros, inclassificáveis. Casos que impunham uma clínica do detalhe. A psicose ordinária não se deixa definir estritamente, assim como o impasse que a fez nascer. A neurose é mais dócil à leitura. Quando não se reconhece claramente uma neurose, a suspeita é de psicose. Psicose velada, dissimulada, vislumbrada, pequenos indícios que só uma clínica do detalhe pode situar.

Façamos um parêntese para dizer que Freud, desde os primórdios, mostrou predileção pelos detalhes. Os divinos detalhes, tal como o título de um seminário de Jacques-Alain Miller, tomado de uma expressão de Nabokov, autor de Lolita. Em 1900, Freud aconselhava não tomar como objeto de atenção todo um sonho e sim alguns fragmentos singulares. Quando escreve anonimamente sua análise de Moisés, a estátua de Michelangelo, ele adota a mesma estratégia, recorrendo ao médico e desenhista Giovanni Morelli, pseudônimo de Ivan Lermolieff. Inspirado por Morelli, que propunha tomar como chaves reveladoras da autoria de uma pintura detalhes marginais, irrelevantes e triviais, que escapam à intenção do artista, Freud afirma que Michelangelo congela o instante em que Moisés se recupera da tormenta que o levaria a quebrar as Tábuas da lei. Freud contrata um desenhista para desenvolver o suposto antes e o suposto após dessa cena para lhe arrancar seu divino segredo. Criando a ilusão de movimento, animando a estátua, ele crê encontrar fundamentos para sua conjectura. A animação do inanimado é uma das mais conhecidas chaves semânticas do infamiliar, que nesse caso toma o próprio Freud como sujeito da experiência.

Contemporaneamente, o estudioso da estética Carlo Ginzburg nomeará essa estratégia de paradigma indiciário.11 Desconfiar das impressões gerais, das observações óbvias, concentrar-se nos detalhes, tal como Sherlock Holmes e Morelli. Ler indícios de outras cenas, das entrelinhas, tecer conjecturas sobre fenômenos elementares e traços únicos, experiências enigmáticas, significações singularíssimas como a paz do entardecer do seminário 3 de Lacan, As psicoses, única para cada um.

Bruchstücke, pedaços quebrados como dizia Freud, pedaços de real, peças soltas, única clínica possível aberta pela categoria de psicose ordinária. “Diria que foi para driblar a rigidez de uma clínica binária: neurose ou psicose.”12

O indizível

Para trazer algo sobre o terceiro significante que nos convoca, quero mais uma vez remeter vocês à nova edição da Autêntica, nas páginas 237 e 23813, que correspondem a “O Homem da areia”, em que Hoffmann transmite o indizível com a sutileza de um poeta, a poiesis do indizível.

Seu olhar seria tão insólito como se quisesse captar figuras no espaço vazio, que não são visíveis a nenhum olho, e a fala se desfaria em lúgubres suspiros. […] E assim você procuraria exprimir a forma interior com todas as cores ardentes, todas as sombras e luzes, e já estaria exausto ao buscar palavras para começar. Mas seria como se você tivesse de resumir logo na primeira palavra tudo aquilo de maravilhoso, incrível – lembrem Freud falando do Homem dos lobos – terrível, divertido e sombrio que aconteceu, de modo que atingisse a todos, como numa descarga elétrica. Mas cada palavra, tudo aquilo de que a fala é capaz, parecer-lhe-ia incolor e gélido e morto. Você iria procurar e procurar, e gaguejar e balbuciar, e as sóbrias palavras dos seus amigos fustigariam o seu íntimo ardor, como um vento gelado, até extingui-lo. […] …a vida real, e que o poeta só poderia captá-la como num reflexo escuro de um espelho fosco.

O gozo é opaco, não se entrega facilmente à luz da palavra. É assim que o narrador de “O homem da areia” transmite o indizível e nos impele a falar da malfadada vida. Freud identificava o nó do indizível como o umbigo do sonho. Lacan vai considerar esse umbigo como uma cicatriz no corpo que vem figurar o que não pode ser dito na dimensão do inconsciente com sua realidade sexual.14 Três citações podem ser pistas para a investigação que se inicia: podemos distinguir esse ponto de enodamento com o furo que evoca o limite do simbólico, o real da não relação sexual, o real que não fala.15 O Unheimlich permite que surja aquilo que, no mundo, não pode ser dito.16

Anos após, em 1926, o Homem dos Lobos volta a Freud, inquieto e alucinado com um buraco, uma cicatriz ou uma ferida no nariz (ele oscila entre esses sentidos). Freud o encaminha para Ruth Mack Brunswick; ela lê o núcleo de uma psicose que se manifesta como hipocondria e paranoia.

Hoje em dia, contamos com a bússola de Jacques-Alain Miller que aborda o caso a partir da fórmula P0 -> ф0 para fundamentar o diagnóstico em questão. Multiplicidade de pais imaginários, foraclusão do Nome-do-Pai, elisão do falo.

O Homem dos Lobos é o suficientemente infamiliar como para ser imortal. Surgido como caso clínico, faz parte, no mundo, daquilo que não pode ser dito, razão pela qual não cessamos de dizê-lo.

O programa de estudos que vocês iniciam hoje sobre este paciente imortal conta com fontes inesgotáveis.

(*) Extrato da apresentação na mesa-redonda Inclassificável, Indizível, Infamiliar, inaugural do curso de Psicanálise da CLIPP 2021, ocorrida em 1º de março de 2021.

1PRADO, Teresinha N. M. O ‘feminino’ infamiliar na literatura. Inédito.

2 FREUD, Sigmund. O infamiliar. [Das Unheimliche] Trad. Ernani Chaves, Pedro Heliodoro Tavares [O Homem da Areia; tradução Romero Freitas]. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. p. 75. (Obras Incompletas de Sigmund Freud, 8) A expressão “infantil inextinguível” aparece literalmente na edição em espanhol.

3 LACAN, Jacques. O seminário, livro 1, Os escritos técnicos de Freud. (1953-1954) Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1986. p. 185. “Não se esqueçam disto – Freud explica inicialmente o recalque como uma fixação. Mas, no momento da fixação, não há nada que seja o recalque – o do homem dos lobos se produz bem depois da fixação. A Verdrangung é sempre uma Nachdrangung. E então, como explicar a volta do recalcado? Por mais paradoxal que seja, só há uma maneira de fazê-lo – isso não vem do passado, mas do futuro.”

4 APPIGNANESI, Richard ; HARASYMOWIC, Sława. The wolf man. Graphic Book. Selfmade Hero, 2016. Entrevista disponível em: <https://vimeo.com/39064145>.

5 FREUD, Sigmund. História de uma neurose infantil. In: ___. História de uma neurose infantil, Além do princípio do prazer e outros textos (1917-1920). Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 36. (Obras completas, 14)

6 LACAN, Jacques. Formulações da causalidade psíquica. In: ___. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998. p. 173.

7 FREUD. História de uma neurose infantil, Além do princípio do prazer e outros textos. Op. cit., p. 36.

8 APPIGNANESI; HARASYMOWIC. The wolf man. Graphic Freud. Op. cit.

9 MILLER, Jacques-Alain. Perspectivas dos Escritos e Outros escritos de Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2011. p. 77.

10 MILLER, Jacques-Alain. 13 casos sobre el Hombre de los Lobos. (1987) Buenos Aires: Pasaje 865, 2010.

11 GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: ___. Mitos, emblemas, sinais. 2. ed. Trad. Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 143-180.

12 MILLER, Jacques-Alain. Efeito de retorno à psicose ordinária. Opção Lacaniana on-line, Nova Série, ano 1, n. 3, nov. 2010. (Disponível em: <http://www.opcaolacaniana.com.br/nranterior/numero3/texto1.html>) O momento inicial dessa investigação aconteceu no Conciliábulo de Angers, 1996, sob o título “Efeito de surpresa nas psicoses”; depois a Conversação de Arcachon, em 1997, onde surgem os “inclassificáveis ou casos raros”; posteriormente, na Conversação de Antibes, em Cannes, 1998, ano da invenção da categoria clínica lacaniana psicoses ordinárias. O segundo tempo que aqui citamos acontece dez anos depois.

13 FREUD. O infamiliar. Op. cit., p. 237-238, 239.

14 Para este ponto, cf. BERENGUER, Enric. Los niños y sus sueños. Disponível em: <https://elp.org.es/los-ninos-y-sus-suenos/>.
15 MILLER, Jacques-Alain. El ultimísimo Lacan. Buenos Aires: Paidós, 2014. p. 235.

16 LACAN, Jacques. O seminário, livro 10: A angústia. (1962-1963) Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. “Encontrarão sempre em sua dimensão própria a cena que se propõe, e que permite que surja aquilo que, no mundo, não pode ser dito” (p. 86).