
Editorial Revista Hades – Vol. 5 – N. 6 – Setembro de 2025 – www.clipp.org.br
Sandra Arruda Grostein
Este número da Revista Hades convida o leitor a refletir sobre a formação do psicanalista desde a perspectiva na qual possamos localizar uma “disjunção entre prática, análise didática e o passe, que dá testemunho da psicanálise e seus desafios”, tal qual desenvolvido por Laurent Dupont em seu texto admiravelmente esclarecedor – “Formação do analista, final da análise”. Percorremos nesta leitura um longo desenvolvimento do conceito de castração em Freud e em Lacan a partir da releitura feita por Dupont do texto “O osso de uma análise” de Jacques-Alain Miller. Além da clareza do texto, ele nos oferece uma larga bibliografia sobre o tema.
Formação do analista, o final da análise
Laurent Dupont (AME/EFP/AMP)
Todas as escolas de psicanálise, quaisquer que sejam, conferem o título de analista àquele cujo procedimento de avaliação codificado considera que esse candidato a analista concluiu sua análise. Há, portanto, uma correlação entre o fim da análise e o ser analista. A formação do analista é, portanto, antes de tudo, a sua análise. Lacan acrescentará o controle e o cartel. Hoje, nos concentraremos na análise, pois ela é o eixo central da formação para todas as escolas.
Saturno e o Pequeno Hans, o pai impotente e o tempo reencontrado
André do Nascimento Degi (CLIPP)
É sabido que, durante seu primeiro ensino, Jacques Lacan propõe seu Retorno a Freud à luz da antropologia estrutural de Claude Lévi-Strauss – bem como da linguística de Ferdinand de Saussure e da releitura de Roman Jakobson. No Seminário 4 (1995[1956-57]), em particular, Lacan recorre ao capítulo O Tempo Reencontrado, da obra seminal O Pensamento Selvagem (Lévi-Strauss, 1989), para interpretar a relação de objeto em Freud – ressaltado pela terminologia dos objetos, perdido e reencontrado. O problema para o qual Lacan se volta em Lévi-Strauss, no entanto, é, mais precisamente, o da junção entre a sincronia e a diacronia, mediada por um mito, um ritual ou um objeto.
Do crochê à letra, o discurso que não bordeia o autista
Daniel Gomes Batelli (CLIPP)
Sendo a letra um tema tão caro à psicanálise lacaniana – em especial nas discussões sobre o autismo – e, ao mesmo tempo, complexo e de difícil apreensão, ferramentas de outras áreas podem ajudar. Nesse caso, será o crochê.
O objetivo não é explicar como isso se dá na carne nem tampouco na clínica, mas apenas possibilitar uma visualização da teoria mesma como apresentada tão claramente por Patricio Álvarez Bayón em seu livro O autismo, entre alíngua e a letra (2024).
Mães reborn: perspectivas psiquiátricas
Emanuelle Garmes (CLIPP)
Há algo de perturbador e, ao mesmo tempo, fascinante no fenômeno das chamadas mães reborn: mulheres adultas que adotam bonecos ultrarrealistas como se fossem filhos. Eles são confeccionados em vinil ou silicone, com pele macia, veias aparentes, cabelo implantado fio a fio e peso semelhante ao de um bebê real: são alimentados, vestidos, embalados, passeiam em carrinhos e têm, muitas vezes, suas rotinas exibidas em redes sociais.
Sexo químico (CHEMSEX), Leitura psicanalítica
Durval Mazzei Nogueira Filho (CLIPP)
A expressão “sexo químico” ou sua contração anglófona chemsex, de chemical sex, é definido como a voluntária ingestão de certas drogas psicoativas ou não no contexto de festas sexuais ou relações sexuais com a intenção de facilitar ou aumentar a sensação de prazer no encontro sexual (Giorgetti e cols (2017), McCall e cols (2015), Sousa e cols (2023), Sousa e cols (2020)).

A Revista Hades é uma publicação mensal editada
pela Clínica de Atendimento e Pesquisas em Psicanálise (Clipp).
ISSN: 3085-9492