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feito por nós #01

HOMEM DOS LOBOS – UM NOME PARA SERGUEI*

Carmen Silvia Cervelatti
Membro da EBP e da AMP

Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens. Livro das Evidências

A vida do Homem dos Lobos, diferentemente dos outros casos freudianos, foi uma vida psicanaliticamente pública e publicada até seus últimos dias, quando morreu aos 92 anos de idade. Graças a essas publicações, podemos ter acesso aos desdobramentos de suas análises com Freud e Ruth Mack Brunswick. Chamou-me a atenção encontrar no livro de Karin Obholzer [1] o fato dele referir-se como Homem dos Lobos ao atender ao telefone.

É digno de nota que o Homem dos Lobos, Serguei Pankejeff, além de se identificar socialmente como Homem dos Lobos, raramente usou de seu patronímico Constantinovitch. O patronímico é o nome do pai justaposto ao do filho nos nomes completos russos, ele indica de qual sujeito Serguei é filho.

Além das teorizações em torno ao nome próprio, que não tratarei neste trabalho, em nossa sociedade, o nome próprio diz respeito ao uso do sistema de parentesco, envolvendo a transmissão de patrimônio, que é individualizada, segundo o Código Civil. Neste sentido, acredita-se que se tem um nome próprio, mas, na verdade, o nome recobre um quantum de gozo. Éric Laurent salienta que na Psicanálise isto foi percebido, embora de maneira obscura. São conhecidos alguns casos de Freud, como nome de objetos particulares, como nomes de objetos de gozo – por exemplo, o  Homem dos Lobos ou o Homem dos Ratos, que foi assim batizado, pois o rato era um objeto central, condensador de gozo, causa de horror para aquele sujeito. “O nome enquanto nome de gozo é apagado na ilusão de sermos nomeados enquanto indivíduos, mas ele se revela pelo uso que o mercado de nomes faz dele. O nome fica reduzido a um princípio de identificação.” [2]

Homem dos Lobos ganha função de nome – um nome de objeto de gozo – que passou a funcionar, pelo processo de transformação, como um signo desde que veio representar alguma coisa para alguém, segundo a concepção de Charles Sanders Peirce. Seja esse alguém o próprio Serguei Pankejeff, ou qualquer um do conjunto formado pelos psicanalistas e estudiosos da obra de Sigmund Freud. É nesse contexto que essa denominação teria função de nome próprio desde que é aí que todos sabem a quem essa denominação se refere, ou seja, há uma significação instantânea, imediata e comum a todos: é o paciente de Freud que sonhou com lobos que olhavam para ele, desenvolvendo, em seguida, uma fobia de lobos. Não podemos nos esquecer de que ele, enquanto Homem dos Lobos, sempre esteve sob o olhar de, no mínimo, um psicanalista. Mas continuamos ainda com a pergunta: que função teve para o sujeito apropriar-se desse nome? Afinal, ele se apegou, em vez de apagá-lo, ao nome de gozo e fez uso deste.

“Há o nome próprio que se faz com o Nome-do-pai, e o que se faria sem o Nome-do-pai. Foi com Joyce que Lacan introduziu em seu ensino essa hipótese, em suas consequências clínicas, de um nome próprio feito sem o Nome-do-pai, no ‘fazer para si um nome’” [3]. Da mesma maneira que acompanhamos Lacan nessa leitura, ao nomear o escritor James Joyce como Joyce, o sinthoma, acompanhamos Éric Laurent em sua elaboração de que o “nome próprio do Homem dos Ratos é o rato enquanto objeto de horror”[4], pois o nome próprio pode ser feito com um ciframento particular do gozo.

E em nosso caso? Por que lobo? Como ponta da flecha que atinge o alvo está lá o lobo deflagrando a angústia nessa criança quando sonhou com os lobos. Através da análise do sonho delimitou-se, metonimicamente, o objeto fóbico na figura do lobo em pé, no livro de figuras. Durante sua análise com Freud, esse sonho foi o ponto central, um elemento condensador, que obteve uma função fundamental por possibilitar uma série metonímica e por condensar a angústia de castração. Depois de terminada sua análise com Freud, LOBO continuou sendo o objeto privilegiado de Serguei, objeto viabilizador de gozo, de satisfação pulsional, demonstrado dedutivamente pelo seu apego a esta identificação: “eu sou o Homem dos lobos”. Então, o nome próprio do Homem dos Lobos é o lobo enquanto objeto a ser evitado, mas também é o objeto que fixa a posição do sujeito como aquele a ser olhado, ele se fez ser visto enquanto Homem dos Lobos.

Ainda a propósito, quero salientar a parte do texto freudiano dedicada à cena com Grusha, no Capítulo III, o sonho com a Wespe mutilada em Espe (que não quer dizer “vespa”, como ele pensara). Frente à pontuação de Freud, Serguei dá uma solução: “Mas Espe, então, sou eu mesmo: S.P.”[5], ou seja, diante do enigma da castração, Serguei responde com letras, as letras que são as iniciais de seu nome. Esse sonho veio esclarecer uma lembrança recorrente em sua análise, mas que até então estava solta e isolada. Recapitulando: havia uma lembrança desarticulada, um sonho vem dar-lhe uma simbolização, vem dar-lhe um lugar no material associativo produzido pela análise, e, ao final, frente ao inconsciente cifrado, ele responde com as letras de seu nome: S.P sou eu.

Lacan explicita a nomeação que se dá em cada um dos três registros: a nomeação do Imaginário coincide com a inibição, a nomeação do Simbólicose dá na forma de sintoma e a nomeação do Real se passa como angústia. Com esses dados podemos tecer outra articulação ao sonho gerador de angústia – os lobos se portam como elemento condensador, é a própria presença do objeto de gozo, que vem dar nome ao real. Essa nomeação circunscreve, delimita, põe limite e parada à angústia, que passou a ser deflagrada somente quando o menino via a figura do lobo em pé, no livro de figuras, situação facilmente evitável. Os lobos do sonho vieram circunscrever e permitir nomear algo do Real, sem passar pelo Simbólico, vieram circunscrever a angústia para esse sujeito, metaforizada ou representada emLOBO. A lembrança desse sonho no trabalho de análise fez aparecer outros contextos encadeados a lobo. A partir desse momento, e neste sentido, LOBO obteve valor de puro significante. Um significante que veio simbolizar algo, que está no lugar de. Aqui acompanho Agnès Aflalo[6], que a neurose infantil, mais especificamente a fobia, serviu-lhe de suplência à foraclusão do Nome-do-Pai, uma vez que a fobia de lobo deu algum contorno, amarrou os elos soltos, de alguma maneira funcionou como uma solução para aquele menino.

Encontram-se mais subsídios para nossa questão, com Jacques-Alain Miller em seu Seminário A Orientação Lacaniana III – Le lieu et le lien [2000-2001], de 10 e 17 de janeiro de 2001: “Por que Lacan, num dado momento, pôs-se a glosar sobre a nomeação em seu último ensino, e cuja argumentação nem sempre aparece desdobrada? Por que o problema da nomeação? Porque a nomeação é uma suposição. É a suposição do acordo do simbólico e do real. É a suposição de que o simbólico se harmoniza com o real. […] O nome próprio é um ponto de capitonê, não entre significante e significado, mas entre simbólico e real, a partir do qual nós nos situamos com relação às coisas, ou seja, com o mundo enquanto representação imaginária.”

Sob a forma do nó borromeano, Simbólico e Real permanecem disjuntos, mas não mais separados. Há duas formas de articulação: o nó borromeano e a cadeia de significantes; todavia, somente no nó os elementos permanecem disjuntos. Embora esteja lá cada um por si e numa não-relação radical entre si, eles devem ser tomados em uma relação [7].

“Se nós não supomos esse acordo milagroso do simbólico e do real, então é preciso um ato. Esse ato não pode ressaltar senão o ponto de capiton primordial que é o Nome-do-Pai. É por isso que Lacan faz dele o pai do nome, o pai que nomeia, aquele que assume o ato de nomeação e, através disso mesmo, que liga o simbólico e o real.”[8] Com isso, não podemos colocar Freud ou quem quer que seja que tenha apelidado esse paciente, como o pai que nomeia. Quando Freud tomou a iniciativa de recolher fundos entre os psicanalistas para prover o Homem dos Lobos, esse ato pode ser imaginariamente tomado dessa maneira, como uma atitude paternal.

Há alguns elementos privilegiados que guardam uma relação íntima entre si. A cena primária (trauma primordial) funciona como um primeiro elemento e passa a dar lugar a sucessivos desdobramentos que localizam a relação de Serguei com o pai. Ele queria obter satisfação do pai, queria dele receber o presente duplo (pelo aniversário e pelo Natal) e queria também ser o seu único herdeiro. Quis provas de amor do pai.

Apoiar-se na posição de rico recobria a relação narcísica com o pai. Serguei perde todo seu patrimônio e volta a procurar por Freud, que lhe dá dinheiro. Percebe a doença de seu primeiro analista e tem um episódio paranóico, hipocondria, que, segundo a sua psicanalista na época, estava sustentada sobre uma megalomania de crer-se como o filho favorito de Freud, já que não o fora de seu pai.

Os “ataques” de Brunswick desmantelando a crença na posição de filho favorito de Freud levaram a uma mudança no paciente que, segundo os relatos encontrados, resultaram na “cura” desse episódio paranóico hipocondríaco apresentado pelo Homem dos Lobos e a não reincidência até o final de sua vida. Depois de sua “cura”, como se pode acompanhar nas conversas do Homem dos Lobos com Obholzer , ele fez-se ver durante todo o restante de sua vida por algum analista – afinal “eu sou o Homem dos Lobos” (o caso mais célebre de Freud).

Finalmente, ter sido apelidado como Homem dos Lobos e, posteriormente, assumir-se como tal, provavelmente, foi uma nova suplência, novamente uma outra amarração, dando contorno a uma vida estável. Funcionou como um ponto de capitonê, como ponto de basta, estabilizador da subjetividade desnorteada desse sujeito. Tanto é que nunca mais teve qualquer outro episódio que pudesse ser chamado de psicótico. Brunswick retirou-lhe sua ficção de filho predileto de Freud, mas, como uma hipótese, podemos propor que tomar “Homem dos Lobos” como nome veio atingir algo do real, algo fora do sentido; o simbólico nomeou o objeto de gozo e deu-lhe um lugar. Assumir-se enquanto Homem dos Lobos permitiu-lhe harmonizar Real e Simbólico, fazendo um grampo, pois isso teve alguma efetividade, até o fim de seus dias.

*Texto publicado no Boletim Um-por-Um no. 29, por ocasião do IV Congresso da EBP – “Clínica da Nomeação” e no Site da CLIPP em: 10/06/2006, “Artigos”.    Imagem de Ryan McGuire por Pixabay
[1] OBHOLZER, Karin. Conversas com o Homem dos Lobos. Uma psicanálise e suas consequências. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.
[2] LAURENT, Eric. “Seminário – Sintomas e repetição”, Opção Lacaniana – Revista Brasileira Internacional de Psicanálise no. 31, setembro 2001, p. 20.
[3] LAURENT, Eric. “Os nomes do sujeito”, in Psicossomática e Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1990, p. 28.
[4] Idem.
[5] FREUD, S. “História de uma neurose infantil”. ESBOPC, vol. XVII, Rio de Janeiro: Imago Ed, 1976,  pp.118-119.
[6] AFLALO, Agnès. “Reévaluation du cãs de l´homme aux loups”, in Les paradigms de la jouissance – La cause freudiene –Revue de psychanalyse no. 43, octobre 199, p.106.
[7] MILLER, J.-A. “Psicanálise pura, psicanálise aplicada & psicoterapia”, Phoenix – Revista da Delegação Paraná da Escola Brasileira de Psicanálise, p. 38.
[8] Idem, p. 37.

FEITO POR NÓS: Ao falar sobre o caso clínico freudiano “Homem dos Lobos”, Carmen aponta para duas possibilidades de suplência da  foraclusão do Nome do Pai. A fobia de lobos apresentada por Serguei Pankejeff durante a infância e a assimilação, enquanto um nome próprio, do pseudônimo que Freud lhe deu ao publicar o caso. Isso nos leva a interrogar se os novos sintomas apresentados na clínica psicanalítica da atualidade também não seriam indicativos de tal suplência.

Eliane, sabendo que você desenvolveu uma pesquisa sobre a psicose ordinária, poderia comentar sobre a questão da suplência e mencionar as possíveis repercussões disso na direção do tratamento?

Pergunta elaborada por Vera Dias

Eliane Costa Dias: Agradeço ao feito por nós a oportunidade de retomar esse instigante texto de Carmen Cervelatti. Abordo a questão formulada a partir de dois pontos: novos sintomas e o conceito de suplência.

Novos sintomas?

Na clínica contemporânea, confrontamo-nos cada vez mais com sintomas de difícil interpretação e mais rebeldes ao tratamento pela palavra. Arranjos sintomáticos que afetam mais diretamente o corpo e o desligamento do laço social: pânico; as mais variadas formas de compulsão e de passagens ao ato; transtornos alimentares (anorexia, bulimia, obesidade mórbida); incremento das toxicomanias; perturbações em relação ao gênero; as mais variadas formas de intervenção sobre o corpo (compulsão por exercícios físicos; busca incessante por tratamentos estéticos e cirurgias plásticas; bodyart; tatuagens; escarificação e automutilações). Manifestações sintomáticas que têm sido chamadas de novos sintomas e que são rapidamente abarcadas pelo saber psiquiátrico, numa perspectiva puramente fenomênica, nos manuais de classificação de doenças. Uma denominação questionável, na medida em que nenhuma dessas manifestações é de fato desconhecida. O que seria o novo em questão? Em que medida esses sintomas interrogam e desafiam a clínica hoje?

Numa primeira abordagem, podemos pensar que surpreende a alta incidência com que esses fenômenos ocorrem e o grau de sofrimento e disfuncionalidade que produzem. Se para a medicina o sintoma é índice de uma patologia e a direção da cura é sua extinção, para a psicanálise o sintoma é uma produção do sujeito que nos diz sobre a maneira singular com que ele pôde fazer frente ao desafio de se inserir na cultura, de se posicionar diante do Outro e do desejo e se haver, ao mesmo tempo, com as exigências do real do gozo e da pulsão.

Considerando a vertente simbólica do sintoma – como formação do inconsciente com valor de mensagem – podemos pensar que as transformações da época, as metamorfoses  no campo do Outro, certamente alteram os elementos simbólicos e imaginários que tecem o envoltório formal do sintoma. Mas, em sua vertente real, as mudanças nos sintomas podem nos dizer também de novas formas da cultura e dos sujeitos aparelharem o gozo. O que levanta a hipótese de que os sintomas na atualidade dizem de novas formas de defesa contra o real – real como o que da pulsão, escapa ao saber e retorna sem poder ser simbolizado.

O conceito de suplência: uma ampliação

O conceito de Psicose Ordinária foi proposto em 1998 no campo da Associação Mundial de Psicanálise (AMP)  e vem mobilizando, ao longo de mais de 20 anos, um intenso trabalho de discussão e teorização dessas manifestações sintomáticas atuais cada vez mais presentes na clínica e que colocam impasses e desafios ao saber e ao fazer em psicanálise.

No trabalho epistêmico e clínico com a hipótese de psicose ordinária, assume-se, desde o início, o objetivo de ultrapassar a clássica racionalidade diagnóstica binária, centrada na polarização neurose/psicose pela presença, ou não, de um elemento simbólico fundamental – o Nome-do-Pai. Esse objetivo é indissociável da busca por um modo de pensar a clínica psicanalítica na passagem do primeiro para o último ensino de Lacan, na aposta, constantemente reafirmada, de que a articulação entre esses dois momentos da teoria lacaniana seria de avanço e continuidade e sem rupturas.

A diretriz de extrair consequências do último ensino de Lacan permite interrogar os casos inclassificáveis do ponto de vista da relação com o gozo.

Nessa perspectiva, pautada na premissa da autonomia e da equivalência entre Real, Simbólico e Imaginário a que chega Lacan em seu último ensino, os fenômenos que caracterizariam o novo, o surpresivo da clínica, são pensados como respostas ao Real, como modos possíveis e singulares de fazer com o gozo, a partir de diferentes modos de enodamento de RSI. Essa racionalidade diagnóstica se organiza em torno da ideia de uma passagem do NP para algo que faz grampo, que faz um sistema de amarração dos três registros, definido por Lacan como sinthoma.

Assim, vemos se definirem algumas proposições teóricas que implicam reformulações ou ampliações de conceitos fundamentais da teoria lacaniana e que parecem constituir os pilares de sustentação do conceito de psicose ordinária:

  1. A valorização da equivalência entre o sinthoma e o Nome-do-Pai como o princípio cardeal da clínica borromeana: ∑  ≡  NP.
  2. A ênfase sobre o estatuto do corpo na clínica, com os fenômenos de corpo, nomeados como acontecimentos de corpo, entendidos como um modo de circunscrição do gozo (na carência do recurso de nomeação pelo Simbólico).
  3. Os episódios de desconexão ou de transtornos da relação com o campo do Outro e com o laço social, entendidos como uma forma de desligamento do Outro, que apontaria para uma desestabilização no enodamento de RSI. E, portanto, implicariam uma ampliação do conceito de desencadeamento.
  4. Uma reformulação do conceito de suplência. Uma ampliação que vai da suplência definida no primeiro ensino de Lacan, no paradigma Schreber da psicose, como uma forma de reparação, de compensação à foraclusão do NP e, portanto, uma operação metafórica, a uma concepção de suplência, a partir da teoria dos nós e do conceito de sinthoma, como um elemento suplementar e necessário ao enlaçamento dos três registros, um quarto elemento que asseguraria o enodamento.

Assim, em muitos casos, o que funciona como suplência, ou seja, como elemento que assegura a estabilização na enodação de RSI para um ser falante,  não passa pelo nome próprio assegurado pela função Nome-do-Pai. Por exemplo:

  1. Uma identificação imaginária a um significante que vem do Outro e funciona como nomeação, ainda que não por um nome próprio.
  2. Fenômenos de localização do gozo no corpo, assim como usos e manejos singulares da imagem do corpo próprio, que  permitem a um sujeito fazer-se um corpo.
  3. Um uso singular de alíngua como via de circunscrever o gozo, não pela via do gozo do sentido inerente à articulação da linguagem, mas pelo sentido gozado, pela relação de gozo com os S1 sozinhos, pedaços de real que não se inserem na cadeia significante.

À luz do último ensino de Lacan, na clínica do real, caberia ao analista investigar, sob transferência, as vias pelas quais um sujeito encontra uma solução possível e singular para se haver, ao mesmo tempo, com o gozo que lhe habita o corpo, com o império das imagens e com a inserção no campo do Outro.

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 ¹ Batista, M. C. e Laia, S. (org.) A psicose ordinária. Belo Horizonte: Scriptum, 2012.
 ² Dias, Eliane C. Psicose ordinária: estatuto teórico e clínico na psicanálise de orientação lacaniana. Tese de Doutorado – Instituto de Psicologia, USP, 2018. Disponível in: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-25022019-110840/publico/dias_do.pdf