Kátia Ribeiro Nadeau (CLIPP)
“Para que a psicose se desencadeie é preciso que o Nome-do-Pai, verworfen, foracluído, isto é, jamais advindo no lugar do Outro, seja ali invocado em oposição simbólica ao sujeito”. (Lacan, J. De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose. In: Escritos, p. 584. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1998).
A foraclusão do Nome do Pai é uma elaboração Lacaniana sobre a não castração simbólica, que tem como consequência a impossibilidade de acesso à significação fálica. Ao foracluir, se expulsa o sujeito para fora das leis da linguagem – o lugar do desencadeamento também é o lugar fora das leis da linguagem.
Quando o processo de metaforização não ocorre, a falta do Nome do pai, inscrita no significante, abre no significado um furo que, ao não se inscrever no registro simbólico, retorna no Real como OUTRO, fora do registro imaginário a – a’, em oposição simbólica ao sujeito.
Se o Nome do Pai, como um operador, fornece as chaves de um sentido simbólico, a foraclusão do Nome do Pai indica a falta de um significante (NP) que institua simbolicamente o lugar de falta simbólica.
Esse encontro com UM PAI Real, diante da marca da ausência de significante, produzirá uma resposta delirante que advém no lugar de nenhuma resposta possível diante desse lugar vazio de sentido. A partir do significante do Nome do Pai foracluído, haverá no psicótico uma falta de inscrição na linguagem e no significante do Outro, além de não ter acesso ao falo, que é o significante que forneceria uma significação fálica para o sexo. Ao não estar submetido à castração simbólica, deslocado da posição de sujeito, permanece na posição de objeto do desejo da mãe.
Diante da falta do lugar vazio operador e ordenador, apesar de estar na linguagem, o sujeito não tem como responder a partir do vazio de sentido.
Se o significante primeiro foi foracluído, todos os outros não conseguem se ordenar ou representar, como uma falha simbólica estrutural.
A marca da foraclusão é um furo no lugar da significação fálica, o qual se estabelece em razão de uma carência de um efeito metafórico.
Bibliografia
Lacan, J. De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose in: ESCRITOS. RJ: J. Zahar, 1998. (p. 537-590.
Campos, Sérgio de. Investigações Lacanianas sobre as psicoses – Vol 1: “Forclusão do Nome do Pai”. BH: Topológica , 2022 (p. 205-212)