Compulsões. Uma leitura. História recente.
Durval Mazzei Caso visitassem uma enfermaria psiquiátrica ou observassem secretamente um gabinete psicanalítico, de Kraepelin ou Freud até a metade dos anos 80, o olhar revelaria uma clínica muito diferente do que é vista nessas últimas décadas. Haveria compulsão? Sim, claro. Tais manifestações estão presentes na humanidade desde os Australopitecus. Repetimos o que nos agrada, repetimos em busca de alguma...
O x analítico – Sobre Adixiones de Ernesto Sinatra
Giovanna Quaglia (Brasília, Brasil) “Vivo drogada, mas não consumo, sou assim, não posso parar nunca…”. É com essa frase que Sinatra nos introduz ao seu livro Adixiones, com um x. Esse x que parece um lapso, nos antecipa a dimensão do enigma, consubstancial à experiência analítica desde as suas origens, indicando que na contemporaneidade é possível viver drogado, inclusive sem drogas. “Alcançar em seu...
Miles Davis Blue Flame – Music is wide open for anything (Miles Davis)
Sérgio de Mattos (Belo Horizonte, Brasil) Blue flame Em sua autobiografia, lemos nas primeiras frases acontecimentos que não chamaram a atenção dos produtores de The birth of the cool – Netflix. Desde o princípio, a fala de Miles nos entrega uma lógica de sua vida, determinada por eventos e significantes que conduzem a uma formalização que impressiona pela clareza e rigor, e na...
Uma abertura ao inconsciente
Cassandra Dias (João Pessoa, Brasil)* No seminário 11, J. Lacan formula o inconsciente como descontinuidade, propondo-o como homólogo a uma zona erógena, marcado pela hiância de uma pulsação temporal que se manifesta como vacilação, colocando em relevo os tropeços: “… o inconsciente freudiano (…) se situa nesse ponto em que, entre a causa e o que ela afeta, há sempre...
Devastação e Passagem ao Ato
Maria Wilma Faria (Belo Horizonte, Brasil)* É com a psicanálise de orientação lacaniana que podemos situar as toxicomanias no campo do mais de gozar de acordo com o modo como cada sujeito fará uso da droga em seu corpo. Nessa direção, a contemporaneidade nos convida, cada vez mais, a tomarmos uma posição ética, que não deixa de acompanhar os desafios...
PASSAGEM AO ATO: DO INDIZÍVEL AO DIZÍVEL
Carlos Ferraz Batista (CLIPP) Segundo Cunha (2021), “uma psicanálise parte de um ponto de não saber e desemboca em outro que também não tem correspondência com o saber”. Essa assertiva abre a via da invenção frente ao real e o desafio torna-se maior quando o encontro com o real é derivado da passagem ao ato. Partimos da seguinte questão: o...
Louis Althusser: Identificação patronímica ao gozo Um
Carlos Ferraz Batista Trabalho apresentado nas VII Jornadas Pai-Versões 2017 Escola Brasileira de Psicanálise. Seção SP Eixo: Os nomes-do-Pai e as Identificações do sujeito Louis Althusser, noivo na época, morreu na guerra com a queda de seu avião. Seu irmão casou-se com a noiva enlutada. Em homenagem ao falecido, deram o nome ao filho de Louis Althusser: filósofo que entrou...
O fazer existir da mulher que não existe na experiência psicótica do presidente Schreber
Antônio Teixeira EBP/AMP Gostaria de agradecer a Bernadete Piteri, que muito me honra com o convite para abertura desse curso, assim como a Emanuelle Garmes, que se ofereceu para comentar minha intervenção, a Sandra Grostein, pela coordenação dessa mesa, assim como a equipe responsável pela organização desse curso, particularmente a Cláudio Ivan, pela divulgação. Esse convite me conduziu a renovar...
OS IMPACTOS DO RACISMO NA CLÍNICA LACANIANA COM MULHERES NEGRAS: PODE O ANALISTA ABSTER-SE DESSE PROBLEMA QUE ASSOLA A SOCIEDADE?
Autora: Melissa Ágda da Silva Resumo: No presente trabalho, se propôs discutir e pensar a dimensão psíquica da questão racial no Brasil e os efeitos do racismo sobre a subjetividade do falasser marcado pelo traço de cor de sua pele, que não separa dos implacáveis sentidos que configuram o racismo e a discriminação, segundo as vivências e experiências das mulheres...
Ariel Bogochvol
CARTAS AO ARIEL Adriana Augusta (participante Núcleo) Estar presente no grupo de estudos do NEPPSI, desde a “Criminologia da vida cotidiana” até a “Psicanálise em tempos de guerra”, era uma potente e revigorante inspiração para o estudo da psicanálise e para a compreensão dos principais acontecimentos do nosso tempo. As conexões amplas, ricas e politicamente engajadas do Professor Ariel Bogochvol...
Passagem ao ato: do indizível ao dizível
Carlos Ferraz Batista Eixo: Declinações clínicas do ato Segundo Cunha (2021) “uma psicanálise parte de um ponto de não saber e desemboca em outro que também não tem correspondência com o saber”. Essa assertiva abre a via da invenção frente ao real. O desafio torna-se ainda maior, quando o encontro com o real é derivado da passagem ao ato. Partimos...
Atualidades Psicanalíticas #35
A existência da Mulher Por Keren Ben-Hagai “Wie es wird, wie sich das Weib.” Pixabay Ao longo de seu ensino, Freud referiu-se à feminilidade como um enigma. Ele falou da sexualidade da mulher como um continente obscuro. E em sua carta a Maria Bonaparte, ele escreveu sua famosa declaração, “o que quer uma mulher?” . Em muitos textos de seu ensino posterior, os...
feito por nós #07
A CARTA ROUBADA, OS TRÊS PRISIONEIROS E O DESLUMBRAMENTO DE LOL V. STEIN* Maria Helena Barbosa - Membro da EBP/AMP A Carta Roubada , Os Três Prisioneiros e O Deslumbramento de Lol V. Stein são três textos trabalhados por Lacan onde o objeto olhar e suas posições na gramática do sujeito ocupam um lugar destacado. Na Carta Roubada, a operação...
Atualidades Psicanalíticas #34
O Dizer do Sexo Por Rosa Elena Manzetti Na sexta lição do Seminário Identificação, Lacan inicia sua elaboração sobre a diferença entre o nome próprio e o nome comum. Ao contrário de Stuart Mill e Sir Alan Gardiner, ele identifica a especificidade do nome do lado da escrita: há uma afinidade entre o nome próprio e a marca, o signo. INSTAGRAM @returnonart...
Atualidades Psicanalíticas #33
O que chamamos de “Acontecimento de Corpo”?* Por Daniel Roy Essa expressão “acontecimento de corpo” como definidor do sintoma encontra-se no texto que Lacan forneceu para as Atas do Simpósio Joyce em 1975, sob o título de “Joyce o sintoma”. Aqui está esta passagem: “Deixemos o sintoma no que ele é: um acontecimento de corpo, ligado a que: a gente...
feito por nós #06
PORNOGRAFIA: A FANTASIA NA PRATELEIRA* Niraldo de Oliveira Santos (EBP/AMP) “Mulher pelada” e “sexo” foram as palavras encontradas no histórico de busca do primeiro celular de um garoto de 10 anos. Sua mãe relata, em análise, seu espanto com a facilidade de uma criança acessar a pornografia digital e se questiona sobre as consequências deste fenômeno contemporâneo. Para Miller, do...