Editorial Hades 14
Sandra Arruda Grostein (CLIPP/EBP/AMP)
Este número de #Hades se dedica a apresentar o programa de diferentes atividades que estão previstas para o primeiro semestre de 2022 na CLIPP.
São seis núcleos de pesquisas e um seminário de leitura cujos temas variam desde a articulação possível entre psicanálise e filosofia, psicanálise e toxicomania ou ainda psicanálise e medicina até o estudo clínico teórico dos conceitos próprios da psicanálise.
O Seminário de leitura se difere dos núcleos. Neste semestre, o estudo sobre o binário sentido-gozo no sintoma em Freud e Lacan, a ser desenvolvido, busca responder uma pergunta formulada pelas coordenadoras: “como se articulam sentido e gozo em psicanálise?”
Nos núcleos, por sua vez, espera-se que cada participante se vincule através de um tema próprio de pesquisa sob a orientação dos coordenadores. Três deles têm como objeto de pesquisa a articulação da psicanálise com a toxicomania, com a filosofia e com a medicina. Os outros três se interessam por diferentes abordagens no interior da clínica psicanalítica propriamente dita.
Se o Seminário de pesquisa vai estudar o binário sentido e gozo, no Núcleo Psicanálise e Toxicomania o binário escolhido é desejo e gozo e a vitória deste último sobre o prazer.
Já o núcleo Psicanálise e Medicina vai orientar sua discussão em torno de uma clínica que seja tributária a uma política do sintoma e a uma ética da singularidade.
O núcleo Psicanálise e Filosofia visa, em sua pesquisa, diferentes ângulos de respostas ao impasse insuperável na relação destes dois discursos descrito da seguinte maneira: “a passagem entre estas diferentes linguagens está sempre exposta a tropeços, como se aquela abrisse um vazio abissal, sem possiblidade de construir pontes entre ambas”.
Outro binário pode ser ressaltado no núcleo sobre o Ensino, isto é, saber e gozo: “O saber pode se enroscar nos aparelhos de gozo, assim como os meandros do saber podem gerar barreiras ao saber”.
A pressão de saber que isso só acontecerá uma vez reforça dizer o que não é dito, não haverá outra vez. A tese de que só se tem uma oportunidade de falar pressiona o sujeito a falar o que antes não teria dito, organiza os estudos do núcleo de Apresentação de Pacientes e Clínica da Psicose.
Mais uma vez o conceito de gozo está presente enquanto conceito fundamental na clínica psicanalítica, desta vez na clínica com crianças. Retomando o binário desejo e gozo, as coordenadoras propõem: “O gozo está na Coisa enquanto o desejo está do lado do Outro, sendo assim, o gozo não passa pelo Outro, não passa pela linguagem”. Como isto interfere na clínica com crianças?
Leiam com atenção redobrada este número 14, pois espera-se que o leitor possa encontrar nos textos que se seguem afinidades com suas próprias questões e, portanto, terão a oportunidade de se debruçar sobre elas através de um estudo orientado por colegas que se interessam por estas temáticas há bastante tempo.
Aproveitem a leitura e se inscrevam!