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Editorial Hades #18

EDITORIAL HADES #18

M. Bernadette S. de S. Pitteri (AMP/EBP/CLIPP)

Entramos na primavera, tempo em que Perséfone* volta a florir o mundo, mas as convulsões climáticas (e não só!) que enfrentamos, fazem duvidar que a deusa tenha de fato migrado de seu mundo sombrio.
Mas persistimos. Neste número, o HADES traz Luiz Felipe Monteiro, nosso colega da Bahia, com elaborações a partir de sua apresentação na abertura do semestre sobre o “Pequeno Hans e a Fobia”, enfatizando que, “antes de ser um barramento do desejo materno, a metáfora paterna é um localizador” e, mais ainda, pensa a questão do viril na atualidade, como de “uso sempre provisório, mas marcadamente inventivo e sintomático, que um homem pode fazer com o seu vivo, no corpo vivo”. Um Podcast bastante instigante e divertido, no qual Cláudio Ivan Bezerra conversa com Luiz Felipe, elucida pontos teóricos sobre esta questão. Maria Cristina Merlin Felizola, comentando a apresentação de Luiz Felipe observa que se “hoje o pai já não faz tão bem esta função, não estamos mais tão ligados ao regime da lei e do simbólico” e, portanto, este, “já não tem primazia e o real do gozo pode comparecer mais intensamente”. Emanuelle Garmes, psiquiatra e nossa nova associada, numa crítica à excessiva medicalização infantil, observa que “em tempos de enfraquecimento do Nome-do-Pai, da escola é exigida uma função estruturante de limitar o gozo das crianças, … adicionando mais um ingrediente à demanda por medicações que reduzam a inquietação”. Rosângela Turim, a partir de “Ler um sintoma” de Jacques-Alain Miller, faz uma leitura bastante precisa do texto freudiano “Inibição, Sintoma e Angústia”.

Vale a pena a leitura!

*Perséfone, na mitologia grega, é deusa da agricultura, das flores, dos frutos, filha de Zeus** e Deméter***. Amada e protegida pela mãe, raptada pelo deus Hades e levada a seu mundo sombrio, a deusa da primavera, da vida e da alegria, tornou-se também guardiã do mundo dos mortos. Com a tristeza da mãe, Deméter, feneceram os campos e rarearam os alimentos, o que fez os deuses se inquietarem e intervirem sobre o rapto. Deméter recorreu a Zeus, mas Hades não admitia o retorno de sua mulher ao Olimpo (ela comeu a romã, fruto que selou o casamento deles). Depois de muita negociação entre os deuses, ficou acertado que ela ficaria com Hades uma parte do ano, retornando de seu mundo sombrio ao final do inverno, para trazer alegria e cor ao mundo humano.

**Senhor dos deuses e dos homens.

***Deusa da colheita e da fertilidade.