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HADES – CLIPP em Notícias #6

Editorial #6
cabecalho-hades
EDITORIAL #06 | 24 de maio de 2021 – www.clipp.org.br

Bernadette S. de S. Pitteri

HADES, o imortal deus dos infernos, de acordo com uma tradição, traz em seu nome uma composição do alfa privativo e idein (ver), o que evoca uma ideia de mistério, de invisível. Mas chegando a seu sexto número, ainda em plena pandemia do coronavírus que, neste momento, está chegando a ceifar quinhentas mil almas brasileiras, o HADES se mostra através de seus associados e convidados, que persistem e se recusam a ceder aos tempos inglórios que atravessamos.

Marcela Antelo, nossa amiga e colega da Bahia, ao abrir a atividade do semestre do curso da CLIPP, brindou-nos com uma palestra densa e criativa que, transformada em texto, foi nomeada como “Psicanálise e Contemporaneidade: Homem dos Lobos, Imortal”. Marcela Antelo nos falou a partir de três significantes: infamiliar, inclassificável e indizível, três fios tecidos ao redor do caso do “Homem dos Lobos”, cujo título “também inclui o diferencial negativo em relação à morte, imortal: não-todo é mortal”.

Alfredo Zenoni, nosso colega da Bélgica, autor de L’autre Pratique Clinique: Psychanalyse et Institution Therapeutique, no artigo “Destinos da anatomia”, traduzido por Paula Caio, esclarece que, a passagem pelas redes significantes, “afasta o ser falante de toda a determinação biológica do comportamento, mas não o afasta de seu corpo”, e adverte que o falasser não vem com um manual de instruções e nada há no inconsciente que corresponda a uma bipolaridade entre os sexos, o que nos leva à discussão muito atual sobre a questão dos gêneros.

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PSICANÁLISE E CONTEMPORANEIDADE

HOMEM DOS LOBOS, IMORTAL

Marcela Antelo (AME – EBP/AME)

Freud teve um caso de psicose ordinária, O homem dos lobos

Era psicótico e era psicose ordinária porque apresentava muitos traços de neurótico. 

Jacques-Alain Miller

 

É um prazer estar aqui! Agradeço o convite da Clipp e a todos vocês aqui presentes. Maria Bernadette me provocou a falar a partir de três significantes: infamiliar, inclassificável, indizível. Todos eles contêm a partícula ‘in’, um diferencial negativo. Esse diferencial negativo consegue “[…] fisgar algo do gozo opaco inominável ao designar a impossibilidade de o designar”. Trata-se da marca do não-todo na língua. O não-todo pode ser simbolizado, vir à luz da palavra: não-todo familiar no familiar, não-todo classificável na epidemia de classificações. O título que dei à minha fala também inclui o diferencial negativo em relação à morte, imortal: não-todo é mortal, figura central no caso de hoje. Vou tentar tecer meu comentário com essas três fibras, com esses três fios, ao redor do Homem dos Lobos, objeto desta mesa.

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ENSINO

DESTINOS DA ANATOMIA *

Alfredo Zenoni

O célebre enunciado freudiano “a anatomia é o destino”1 é tomado ao pé da letra apenas pelos neurocientistas que supõem a existência de um “modelo animal” do comportamento.

Um professor de fisiologia da universidade de Oxford, por exemplo, que estuda o comportamento sexual da mosca drosófila, para isolar desta os fundamentos neuronais, pode postular como quadro geral de sua pesquisa que “os machos, não importa de qual espécie animal, cortejam as fêmeas”2, sem nenhuma exceção; o comportamento sexual dos seres humanos, por exemplo, não abala esta convicção.

Em outro lugar, é à bioquímica do corpo que confiamos a tarefa de nos fornecer as leis que governariam o acasalamento macho-fêmea na espécie humana. Não há uma só revista que não tenha consagrado um artigo sobre os feromônios masculinos enquanto responsáveis pela atração exercida pelos homens sobre as fêmeas, mesmo que isso signifique circundar esta hipótese com alguns condicionais.

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RESSONÂNCIAS

ESSA MULHER

Maria Noemi de Araujo (CLIPP)

” Quem é essa mulher?

Através da obra do compositor, cantor e escritor Chico Buarque, para quem a mulher é, no mínimo, um mistério, essa pergunta — quem é essa mulher? — presente nos primeiros versos de cada estrofe da sua canção-poema Angélica1, reverbera sem metáforas um estranhamento pela figura feminina.

Angélica é um lamento pela morte trágica da sua amiga, a estilista Zuzu Angel (1921-1976). Na semana de sua morte, a estilista passou na casa do amigo trazendo-lhe uma carta em que responsabilizava os militares caso viesse a lhe acontecer algo, além de três camisetas para suas filhas com “anjinhos” bordados, símbolo da sua busca desesperada pelo corpo desaparecido do seu filho Stuart Angel, preso político em 1971.

Segundo sua filha, Hildegard Angel, “mamãe trabalhava com música o tempo todo. Era apaixonada pelo Chico” pois dizia ter transferido para o Chico algo de Stuart, via nele algo do filho, tal como naquela coragem presente nas suas músicas de protesto.

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RESSONÂNCIAS

A MULHER NÃO EXISTE E O AMOR NO BALÉ CONTEMPORÂNEO

Katia Ribeiro Nadeau (CLIPP)

Recentemente tive o privilégio de assistir ao balé de Jazz de Montréal (BJM) em sua passagem por São Paulo. A fluidez dos corpos escandalosamente apresentados numa mistura entre o belo e o sensual nos arremete ao Real do corpo, como que em um rasgo, um acesso direto ao real do inconsciente. Com música de Leonard Cohen, compositor, escritor e poeta canadense, de tom sombrio, portador de uma voz rouca e grave, DANCE ME faz do palco um cenário onde os corpos emocionam, arrancam surpresa e lágrimas, despertam, encantam!

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RESSONÂNCIAS

A MULHER NÃO EXISTE

Marcia Aparecida Barbeito (CLIPP)


O filme “Uma Mulher Alta” (Dylda), do diretor Kantemir Balagov, baseado no livro de Svetlana Aleksiévitch, retrata uma cena delicada e marcante, quando a personagem Lya experimenta um vestido e começa a rodar num transe de alegria, como se naquele momento tivesse se reconhecido como ser humano.

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RESSONÂNCIAS

“QUE O FEMININO E O MASCULINO DANCEM NA CADÊNCIA DOS SEUS PASSOS”

Maria Wedna Tabosa Henriques (CLIPP)

Esta epígrafe foi a dedicatória que me fez Lêda Guimarães [1] quando recebi seu livro, e isto me instigou. Marie-Hélène Brousse [2], tomando o axioma de Lacan A Mulher não existe, diz que ela existe à condição de ser escondida. Ela é “A” causa, o objeto a e o objeto escondido de “uma mulher” é o falo. Como objetos, se fazem amadas; como desejantes, são narcísicas. Entre ter e ser o falo, ela se devasta, se esconde, às vezes enlouquece. É o que acontece em algumas parcerias amorosas, quando são tomadas enquanto “objetos a” por seus parceiros, sem se darem conta de que nessa relação sexual, que não há, o seu ser de gozo se esconde.

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Boletim Eletrônico da CLIPP – Clinica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanálise
Coordenação Geral: Maria Bernadette Soares De Sant’Ana Pitteri.
Editora: Paula Christina Verlangieri Caio de Carvalho.
Coeditores: José Wilson Braga R. Júnior e Cláudio Ivan Bezerra
Revisora: Daniela de Camargo Barros Affonso
Comissão Científica: Marcia Barbeito, Rodrigo Camargo, Luciana Carvalho Rabelo,
Maria Cristina Merlin Felizola e Paula C. V. Caio de Carvalho.
Diretor Geral: Maria Bernadette Soares de Sant’Ana Pitteri;
Diretor de Ensino e Pesquisa: Leny Magalhães Mrech;
Diretor Secretário e Tesoureiro: Rosângela Castro Turim;
Diretor de Publicações: Maria Helena Barbosa.
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